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Bandas independentes comentam sobre produção autoral no DF

Atualizado: 17 de nov. de 2021

As bandas de rock do DF são sinônimo de resiliência, conheça a história da produção desses grupos


Em meio a misturas e trocas culturais, as bandas de rock são sinônimo de resiliência e figurinhas carimbadas do Distrito Federal. A capital do país também é conhecida como capital do rock desde a década de 1980, quando grandes nomes do rock nacional saíram daqui, dentre eles Renato Russo e a banda Legião Urbana, e Raimundos, que continuam na ativa.


A banda Joe Silhueta é um exemplo claro de como mudanças experimentais fazem diferença. Guilherme, um dos fundadores, conta que o grupo começou carreira solo em 2013, inicialmente, e mais tarde, convidou outra integrante, no estilo musical trovadoresco com voz e violão. “Brasília tem cenários musicais maravilhosos, tem muitos artistas incríveis nos mais diversos ritmos e gêneros musicais. Eu nem me vejo tanto como um ser da cena de rock assim porque minhas transações passam por vários lugares e vão muito além disso, vão pelo forró, pelo xote, samba, pela música instrumental”.





No show de lançamento do primeiro EP da dupla, em 2015, Guilherme sentiu vontade de mudar. Convidou cinco amigos músicos, conhecidos de bandas das quais tinha participado, para integrar a Joe Silhueta. A partir daí, começou a jornada de mudanças e experimentações em diversos ritmos e gêneros, agora com sete músicos.




“Chamei mais outras pessoas, tinha até gente fazendo sapateado, uma farra, e foi aí que fizemos o nosso primeiro show com essa grande banda para tocar o EP acústico. E tinha outras alternativas, trazer guitarra, teclado, clarinete, sanfona, para a sonoridade. Então, a partir disso comecei a pensar em novas possibilidades de arranjo que integrassem todo esse repertório de instrumentos. E ao longo do tempo, nossos EPs foram refletindo esse crescimento da banda, em termos de arranjos e instrumentos”, conta o músico.



Além do rock, a banda Joe Slhueta traz ritmos nordestinos, folk e samba, presentes no último lançamento ‘Tropicalipse’. Guilherme explica também que as composições da banda são feitas pensando em todos, ele utiliza referências de cada integrante para que consigam criar música em consonância.




Com a pandemia, foi proibida a realização de shows e eventos que gerassem aglomeração, vários artistas foram afetados. A Joe Silhueta teve ensaios cancelados e lançamentos de músicas adiados, segundo Guilherme. A banda ainda sofre com a falta de suporte de locais por conter um número de integrantes acima do usual para uma banda.


“Inclusive, agora na pandemia uma situação que a gente passa é, por a banda ser tão grande, como é que a gente faz numa situação de calamidade pública de risco de contágio, colocar sete pessoas dentro de um estúdio de quinze metros quadrados para ensaiar durante 2 horas com tudo fechado? Eu fico meio paranóico, ainda mais como cantor que tem que abaixar ali a máscara. É complicado, principalmente agora que em muitos lugares eu estou vendo que tão reabrindo pra ter evento aqui em Brasília, só que a galera não tem suporte para 7 pessoas”.


Guilherme explicou que com o início da reabertura de locais para apresentações, a banda vai adiar o lançamento do novo álbum para contar com um público, ainda que pequeno. O músico ficou surpreso em ver o alcance da banda ao checar as métricas na plataforma de streaming Spotify. Com quase mil ouvintes mensais, Joe Silhueta tem ouvintes no interior do Piauí, no interior do Rio Grande do Sul, e até lá nos sertões do Mato Grosso.




Com apoio da Internet


Para o músico, tais feitos não seriam possíveis sem a internet, porque ainda há uma grande predominância do eixo cultural Rio-São Paulo: “São locais que há quinze anos a gente chegaria até lá para tocar ou tendo presença intensa nas rádios locais, que inclusive é algo legal de investir. Certo que nossos principais ouvintes são de Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro, então o eixo está presente ainda, mas a nossa formação de público se deu principalmente pelas nossas turnês, foi o fator ao vivo que colaborou”.


Arthur Brenner e Johnny Oliveira, da banda Caacto, também consideram que a internet democratiza o acesso, principalmente durante a pandemia, em que não é possível o contato direto com o público, como explica Arthur: "Duas maneiras de cara que a gente enxerga: na rua, tocando, fazendo show e a outra é de fato criar campanhas, anúncio, música, impulsionar clipe e meio que ir em busca desse público que iria no nosso show. Geralmente elas estão sempre juntas, mas acabou que, com a pandemia, a gente está fazendo só uma".




Embora reconheçam a importância da quantidade de seguidores nas redes sociais, os músicos tomam cuidado para humanizar essa interação. "Quando a gente criou a Caacto, não ficou tentando pegar carona com nada que fez antes. Foi uma parada bem massa de fazer e arregaçar a manga, ir atrás, trocar ideia, conversar. Toda vez que alguém segue a Caacto no Instagram, mandamos mensagem agradecendo. Eu prefiro ter 500 pessoas interessadas, que se importam de fato em estarem ali do que ter 5 mil, 50 mil pelo hype. Pra gente isso não tem valor.".


Johnny também discorda de artistas que tratam fãs como apenas números: "Tudo o que você conseguir é por causa das pessoas que gostam genuinamente de você. Acho que essa relação tem que ser muito mais horizontal. A Internet é muito democrática, mas não é mágica. E tudo bem não ser mágica. A sorte continua sendo 1 em 1 milhão, e talvez até mais hoje em dia, porque se produz muito conteúdo".


Processos criativos e produção autoral





Arthur e Johnny (João Oliveira) consideram ter sido muito difícil se destacar como banda autoral no cenário brasiliense pela preferência do público por covers em pubs. "Quando era anunciado show de banda autoral, os tiozões, frequentadores das casas, não iam. Então se dependesse só da galera que a banda levava, chegava lá e não tinha ninguém. E aí não pagava a casa, e pararam de chamar bandas autorais. Isso fez com que a galera se mobilizasse para produzir as próprias coisas, os próprios eventos, mais alternativos", lembra Johnny.




Arthur conta que, para conquistar o novo público, as bandas precisaram se unir na produção dos eventos. "A gente começou a moldar a cultura da galera que ia nos pubs em Brasília. Porque antes era só esse público. E quando a gente chegou lá era só mato. A gente deu muito murro em ponta de faca até o negócio começar a funcionar. Porque ninguém ia. Era muito difícil tirar a galera de casa, então a gente tinha que entregar ingresso na casa da galera, vendia por WhatsApp. Não valia a pena fazer o show, a gente fazia por birra".





Aparte: Composições, história e inspirações da banda que todos precisam conhecer





A banda Aparte de Rafael, André e Léo surgiu em 2019, um pouco antes da pandemia. O curto período de vida do projeto fez com que eles segurassem os pontos devido às restrições da crise sanitária em Brasília.

Para eles, o show mais emocionante foi a estreia do grupo no espaço cultural N27, na 713 Norte, num pequeno festival com outras bandas da capital, "Esse evento foi o mais marcante pois conseguimos montar do zero, chamamos bandas parceiras, organizamos toda a decoração do lugar, deixamos com a nossa cara, foi um dia memorável".


Mesmo sendo um grupo jovem para a cena musical de Brasília, a banda já conseguiu realizar feitos de grande proporção. Recentemente, eles tocaram dentro da Biblioteca Demonstrativa de Brasília, que foi um evento gravado.



Um momento precioso para a banda são os processos de criação. Eles têm o costume de compor as próprias músicas, e para o Rodrigo, um dos vocalistas, as letras precisam ter algum tipo de provocação, alguma reflexão, "Às vezes essa provocação pode estar na sonoridade da letra é algo que curto muito, para o Leo já e algo mais sentimental, ele tem uma sensibilidade mais afetiva ".




Para muitos, crescer em Brasília, considerada a capital do rock, é algo de extremo valor. Muitas bandas são inspiradas diariamente por grupos que já passaram pela cidade, os integrantes da Aparte se inspiram em grupos dessa cena mais consolidada, como é o caso da Móveis Coloniais de Acaju ou da paulista O Terno.







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