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Além dos artistas, os bastidores!

Atualizado: 24 de nov. de 2021

Coletivo Backstage atua como organização para ajudar, relevar e empoderar a classe que trabalha por trás das produções artísticas de Brasília


Seja religioso, cultural, corporativo, profissional ou amador, todo evento com algum tipo de estrutura certamente também conta com a “galera da graxa”. Essas são as pessoas que montam, desmontam, carregam, produzem, regulam e exercem uma infinidade de funções para que os artistas subam no palco, se apresentem e voltem para o hotel. Além de atuar nos shows, festas e festivais, essa classe também trabalha em gravações, teatros, eventos esportivos etc. Se tem equipamento de som, luz ou vídeo, eles estão lá. Diversas bandas de renome têm a própria equipe de funcionários, tão relevantes quanto os artistas. Eles trabalham, viajam juntos e desenvolvem relações próximas. Isso garante que tudo ocorra bem e a identidade visual e sonora dos shows tenham continuidade.


Os trabalhadores da música são organizados coletivamente, e interagem sobre possíveis oportunidades de trabalho, experiências comuns e histórias do dia a dia. Eles também trocam ideias por um grupo de WhatsApp. Quando a pandemia chegou e um decreto restringiu todos os tipos de eventos, essas pessoas viram as agendas profissionais caírem. Foi por meio desse mesmo grupo de aplicativo que surgiu o Coletivo Backstage de Brasília. Começava aí uma luta por reconhecimento e amparo mútuo numa situação tão complicada. Enquanto os artistas possuem direitos autorais, venda de merchandising, cachês e trabalham com publicidade, o pessoal da técnica recebe por diária. Os casos de pessoas que recebem de forma fixa pelo trabalho são escassos.





A primeira ação do coletivo mostrou-se necessária quase imediatamente após o começo da pandemia. Sem trabalho, a classe não tinha como prover para as famílias e lares. Uma ação liderada por Felipe CDR, Marcel Papa, Renato Fanhu e outros membros começou a coletar doações de cestas básicas em campanhas pela internet.



“ Algumas pessoas, mesmo estando sem trabalho, conseguem se organizar ou têm uma situação financeira melhor, mas grande parte dos colegas estavam passando por dificuldades extremas” comenta Renato Fanhu, de 32 anos e atuante no meio desde 2010.


VIDEO CESTAS BASICAS


Além dessa iniciativa, diversos eventos on-line (lives), como o Porão do Rock, também recolheram doações via QR Code. A coleta foi distribuída nas diversas regiões do DF, e a prestação de contas da arrecadação está disponível no Instagram do Coletivo


No Dia Mundial do Rock (13/07/2021), Brasília ganhou a “Rota Brasília Capital do Rock”. O Governo do Distrito Federal criou o roteiro turístico que marca no mapa da cidade os principais pontos históricos do Rock em Brasília. A ação foi realizada junto com a Secretaria de Turismo, a Secretaria de Economia e uma faculdade particular do DF. Apesar de a maior parte dos pontos estarem no Plano Piloto, a maioria dos trabalhadores dos bastidores vivem nas cidades satélites.


Brasília é um dos centros culturais mais importantes do Brasil. Recebe eventos e shows, nacionais e internacionais. O roteiro turístico criado visa atrair mais turistas e cultivar a cultura que marcou a Capital Federal nos anos 1980 e segue importante, o Rock. Com tantas oportunidades a busca por mão de obra qualificada e em grande escala se faz necessária.



Durante a pandemia, uma das mais importantes e maiores conquistas do coletivo foi incluir a categoria dos trabalhadores técnicos da música na premiação da Lei Aldir Blanc. A lei busca premiar financeiramente diferentes áreas da cultura, como músicos, fotógrafos, grupos de teatro, estúdios, coletivos etc. Com valores entre R$5.000 e R $10.000, esse prêmio segurou a onda de muitas pessoas do meio artístico durante esse intervalo sem trabalho. Após comprovar atuação no Distrito Federal com portfólio e currículo, o inscrito passa por uma avaliação e aguarda o resultado. A categoria dos técnicos de bastidores foi incluída na lei após esforço do coletivo e da classe.


Durante todo este tempo de eventos suspensos, os roadies, produtores, iluminadores, carregadores, técnicos de som, entre outros, procuram novas atividades para se manter financeiramente. Fanhu conta “Tenho amigos que trabalham com bandas famosas há anos e estão vendendo produtos na rua. Eles precisam fazer alguma coisa”. A migração para outra atividade acaba defasando o mercado de profissionais e essa é uma das preocupações do coletivo. É o que eles chamam de “morte do setor”.



Atualmente o Backstage Brasília está realizando o Labfaz, uma série de cursos, oficinas e rodas de conversas viabilizadas por uma parceria com a Secretaria de Turismo. Esses cursos buscam capacitar e orientar novos aprendizes e profissionais experientes que precisam se firmar no mercado. Essa ação de fomento também aproxima pessoas que estavam trabalhando em outras áreas.





Enquanto a vacinação avança, os integrantes do coletivo Backstage Brasília seguem na estruturação de ações profissionalizantes que valorizem e fortaleçam a categoria, como explica Fanhu: “Muitas vezes somos vistos como desempregados, porque de fato não nos encaixamos em uma função formal".







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